LUPA - Architecture Studio, Lisbon, Portugal | Conjunto Habitacional Parque de Picoutos - Concurso Público de Arquitectura - IHRU - Matosinhos
LUPA studio apresenta a sua proposta para o concurso do Conjunto Habitacional Parque de Picoutos, em Matosinhos.
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CC.PQPCT.20

Conceito geral – Árvores habitadas

 

A proposta apresenta-se como um diálogo contruído com o Parque Urbano de Picoutos, cujos edifícios propostos se apresentam, dum ponto de vista conceptual, como “árvores” habitadas num prolongamento do parque, assumindo metaforicamente o carácter de encontro de parque com cidade, matéria vegetal com matéria mineral, madeira (e vidro) com betão “bruto”.

Apresentam-se duas tipologias volumétricas, de acordo com a implantação proposta pela C.M. de Matosinhos, com empenas de 14m (paralelas à Rua Joly Braga Santos) e de 17m de profundidade (paralelas à Rua Professor Nuno Grande), orientadas respectivamente a Nascente-poente e a Norte-Sul. A natureza da materialidade proposta, desenhada com o recurso a lâminas horizontais em betão “bruto” asseguram a unidade na identidade do conjunto, na sua totalidade.

A fragmentação que ocorre com a organização proposta de volumes construídos permite a adaptação à topografia existente, domesticando acessos de pessoas e viaturas.

O carácter de “árvores habitadas” adquire a sua tradução na fachada bem como nos canteiros periféricos. No sistema de fachada proposto, em painéis de madeira ligeiros, parcialmente pré-fabricados, com expressão material em ripado de madeira de espessuras variáveis cujos “ramos” se materializam em varandas contínuas, que definem a continuidade de ocupação exterior ao longo de todas as fachadas, subvertendo a noção de frente-traseiras tradicional.

Integração Urbana

 

Os volumes propostos alinham-se com as frentes edificadas adjacentes, derivando os alinhamentos das frentes da rua Alberto Saavedra e da rua Dra. Maria Manuela Santos, conforme é definido pela planta complementar da CM de Matosinhos que informa o presente concurso e definiu a sua prorrogação, respeitando todos os afastamentos vinculativos.

Os espaços verdes sobrantes assumem-se como uma continuidade do Parque Urbano, sendo dada primazia à circulação pedonal na grande maioria dos percursos propostos, sendo excepção a eliminação do impasse existente na envolvente imediata a sul. As novas “vias” propostas serão sempre de uso misto com prioridade pedonal para apropriação do espaço público pelas pessoas.

O lote C irá alojar uma volumetria linear com três núcleos verticais, criando-se um percurso de nível com os acessos a duas entradas pedonais que termina numa escadaria antes do acesso de viaturas, de nível a partir da rua, dialogando com o sistema da escadaria existente a norte, de expressão urbana marcada num grande plano de betão.

A proposta, no seu conjunto, assume-se como o encontro entre o parque e a cidade, permitindo a ocupação de varandas nas suas várias frentes, numa expressão que se pretende de excepção, sem exceder a necessária tangente a uma correcta integração urbana.

 

Acessibilidade e espaço público

Os edifícios acedem-se a partir de percuros acessíveis, adaptados às vias adjacentes e topografia do lugar, separados dos acessos de viaturas. Propõe-se sempre acessibilidade inclusiva na totalidade dos fogos complementada por escadarias nos topos, no sentido de promover a permeabilidade pedonal e a confluência natural de pessoas de e para os vários fogos ou em passeio pelo bairro, aproveitando-se esse percurso para hierarquizar os acessos aos vários edifícios.

Os percursos exteriores preconizam-se em eco-saibro estabilizado nas zonas de acesso aos fogos, em calçada de granito nas novas vias propostas, e o uso de mobiliário urbano pré-fabricado em betão armado dedicado a zonas de permanência.

 

Organização interna

Os lotes A, B e C existentes implicam diferenças de apropriação e de densidade, no que toca ao número de fogos exigidos no programa. Sugerem-se conforme já referido duas tipologias de edifício ditadas pelas suas profundidades e neste caso também pelas orientações: os volumes dispostos no sentido nascente-poente contêm três fogos por núcleo de acessos verticais enquanto os volumes dispostos na direcção norte-sul contêm quatro fogos por núcleo, sendo excepção o H, com apenas dois T3 por piso.

Nomearam-se os edifícios da seguinte forma:

-Lote A – edifícios A B e C (14m)

-Lote B – edifícios D E e F (14m) e edifícios G e H (17m)

-Lote C – edifícios I J e K (17m)

 

Os estacionamentos possuem acessos diferenciados, respectivamente a partir da Rua Mainça no caso do ABC, Rua Alberto Saavedra no DEF, Rua Joly Braga Santos no GH e Rua Prof. Nuno Grande no caso do IJK.

Os edifícios C e F possuem ainda acessos de nível nos seus pisos -1 para parqueamento de bicicletas e salas de condomínio.

Tipologias

Propõem-se, na totalidade do conjunto, o mesmo número total de fogos (204) dando-se primazia a tipologias maiores, com os seguintes totais: 82 T1, 100 T2 e 22 T3.

A tipologia mais repetida – também a única que existe nos dois tipos de edifícios (14 e 17m) – é o T1. No total, resolve-se o conjunto com o recurso ao total de 10 plantas-tipo de tipologias diferentes, havendo ainda excepções pontuais de adaptações aos pisos térreos (que pelas limitações impostas contêm sempre habitação também a esta cota), para resolver as várias entradas.

As tipologias são dispostas em torno do átrio central de piso, contendo cada tipologia T2 ou maior sempre duas fachadas a 90 graus ou fachadas opostas, de modo a assegurar a ventilação cruzada, conforme estipula a legislação.

As zonas húmidas foram concebidas sempre que possível no sentido de se agregarem duas a duas, beneficiando do espelhamento das soluções-tipo para condutas e courettes técnicas. As circulações dos quartos são privadas e resguardadas das áreas sociais que se associam quase sempre às zonas de entrada dos respectivos fogos.

Os edifícios A, C, D e F contêm por piso-tipo um T2A, um T1A e um T2B. Edifício B contém um T3, um T2 e um T1 e o edifício E contém dois T2 e um T1.

Os edifícios G, I e K contêm por piso-tipo 2 T2C e dois T1B enquanto o H consiste em dois T3 de topo e o J em dois T2D mais dois T1B. Propõem-se assim um total de 6 plantas-tipo com núcleos de circulação vertical para a resolução do conjunto: dois topos repetidos, um topo de excepção e três plantas “interiores” variáveis.

As zonas de cozinha propõem-se – na maior parte das tipologias – abertas ao espaço social por se considerar mais adequado a uma visão contemporânea de habitar, prevendo-se à partida uma eventual separação eficaz, sempre que necessário ou desejável. No caso dos T2E e T3B as cozinhas situam-se na fachada oposta à sala, assegurando ventilação cruzada e as frentes das suas zonas sociais encontram-se recuadas de modo a assegurar a relação de largura / profundidade regulamentar.

 

Sistematização / Princípios Bioclimáticos

Princípios de aquecimento solar passivo constituem uma norma inegável no nosso clima pelo que todas as barras permitem a sua utilização pela orientação sul das varandas, que funcionam como platibandas aptas a regular a orientação solar. O sistema construtivo proposto prevê no sistema de fachada isolamento térmico e acústico em todo o seu perímetro. A cobertura ajardinada empregue em todo o conjunto complementa os princípios de optimização de isolamento térmico ao nível do piso superior, enquanto permite complementar a biodiversidade natural e contribuir para a redução de temperatura por princípios de evapotranspiração. As coberturas serão complementadas com a aplicação de painéis fotovoltaicos e solares para bombas de calor ao nível dos fogos, para climatização interior e AQS´s.

Sugere-se igualmente o aproveitamento de Águas Cinzentas em todo o conjunto, para rega eficiente complementar no espaço público ajardinado. As bolsas ajardinadas ao nível do espaço público pemitirão promover a retenção e infiltração no terreno, sendo compostas por espécies autóctones e de reduzida manutenção.

A sistematização do sistema de fachada bem como a utilização de vãos-tipo repetitivos permitirão obter economia de escala para o conjunto do empreendimento proposto.

Será possível, com o recurso à pré-fabricação prevista de sistema de fachada e Instalações sanitárias construídas “off-site” e montadas no sítio sobre a estrutura em betão armado reduzir significativamente o tempo de obra previsto bem como a pegada de carbono resultante da construção do empreendimento.

 

 

 

 

 

 

 

 

Programa: Conjunto Habitacional Parque de Picoutos

Localização: Matosinhos

Ano/Fase: 2023, Concurso Público, 12º Classificado

Área: ~18´480 m² Área Bruta de Construção

Dono de Obra: I.H.R.U.

Arquitectura: LUPAstudio

Date

12/02/2024

Category

Concursos, Habitação