Concurso Público para a elaboração do Edifício de Habitação na Av. Carlos Pinhão – S.R.U.

Conceito

Duas geometrias – poente e nascente.

Uma ampla varanda-banco abre-se à vista, a nascente. Um grande quarteirão, oco, eleva-se, ancorado a poente.

Formas circulares articulam as duas geometrias, no seu interior.

Entre eles, o plateau.

Uma grande varanda corrida levanta-se do chão para definir o limite do Plateau. De natureza ortogonal, desenha-se num grande banco corrido limitado por um canteiro, em todo o seu perímetro, sobre a vista.

Em diálogo com estas duas geometrias – nascente e poente, dissonantes entre si – propõem-se a criação de dois “pátios” circulares no interior do quarteirão, como forma de diálogo. Os elementos de natureza mais orgânica – dum ponto de vista formal – nomeadamente os alargamentos arredondados das galerias e as escadarias em espiral, pretendem promover a ideia de surpresa para o atravessamento público sob o edificado proposto, ao nível do plateau. Procura-se obter uma subversão da ideia convencional de quarteirão fechado, que constitui a norma neste tipo de intervenção, numa ideia de diálogo entre espaço privado e público, entre uma cara urbana marcadamente recta e sóbria e uma cara de maior intimidade, com formalismo assumido de excepção, numa ideia de identidade própria que é revelada, ainda que apenas parcialmente, a todos os que usufruem do espaço público proposto no atravessamento – topejado por um grande e vasto banco público, expressão máxima simplificada de zona de permanência em espaço público, complementado com o espaço comercial, acessos públicos, sala de condomínio, lavandaria e estacionamento de bicicletas encerrável.

Na sua relação com as zonas de acesso em galerias – habitualmente um dos grandes problemas relacionado com esta tipologia de distribuição – propõe-se um sistema assumido de desenho conjunto de um grande vão (oscilo-basculante) associado às portas de acesso às tipologias. O seu desenho permite por um lado regrar esta zona de contacto entre tipologia e galeria – podendo ou não, conforme a apropriação que venha a ser privilegiada pelos respectivos utentes – criar diversos graus de contacto e privacidade. Por outro lado, além de permitir – juntamente com grelhas situadas ao nível das instalações sanitárias – a ventilação cruzada na totalidade dos fogos possibilita que os fogos situados em orientações menos favoráveis possam usufruir assim de pelo menos 1h de exposição solar no solestício de inverno.

Programa: Projecto para a elaboração do edifício de habitação na Av. Carlos Pinhão

Localização: Lisboa, Marvila

Ano/Fase: 2022, Concurso Público, 4º Classificado

Área Bruta de Habitação: ~12´000m²

Dono de Obra: Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU)

Arquitectura: LUPAstudio