Funcionalidade
A sul, a zona mais propícia e confortável para a utilização plena do espaço exterior consiste num espaço protegido dos ventos dominantes na zona com boa exposição solar e envolto pelas dunas e pela arriba. Propõe-se a criação de uma piscina de água doce de fundo escuro em pedra, evocando as inúmeras praias fluviais existentes na Beira Baixa, envolta em pequeno pomar de árvores de fruto como cerejeiras.
O átrio e recepção, em posição central no piso térreo, ligam a poente para o restaurante e apoios, a sul para a área comum de ginásio, vestiários e sala de tratamentos, a nascente para o volume de quartos “térreos” e a Norte para a zona técnica e de funcionários, com a cozinha na charneira entre esta zona e as refeições.
Contíguo a este átrio de entrada e na passagem para o restaurante situa-se o hall de ascensores que ligam aos pisos superiores dedicados aos quartos “elevados”.
Os pisos de quartos são idênticos, compostos por 2 corpos simétricos (norte-sul), percorridos por corredores de acesso na fachada nascente e quartos na fachada poente voltada à vista, com instalações sanitárias privativas na transição entre a circulação e o espaço de quarto.
Soluções de eficiência energética e sustentabilidade
Utiliza-se a cortiça como material de isolamento térmico bem como a pedra – maioritariamente de xisto, com apontamentos graníticos, característica da região da Beira Baixa.
Paredes de pedra, empregues ao nível do embasamento, promovem o conforto ambiental, assegurado pela inércia térmica que lhes confere a sua massa.
Membranas de controlo solar passivo, em madeira, permitirão um envelhecimento nobre capaz de registar a passagem do tempo ao mesmo tempo que asseguram uma integração com os sistemas de passadiços dunares e restantes elementos no desenho do conjunto.
Revestimentos em ETICS nos volumes “brancos” serão assegurados com o recurso a aglomerado negro de cortiça, material resultante de poda, 100% reciclável e de fabrico nacional de reduzida pegada ambiental. Sob as lâminas da fachada “elevada” dos quartos, a nascente, o aglomerado de cortiça permanecerá “cru”, permitindo igualmente o registo nobre da passagem do tempo.
Ao nível dos pavimentos prevê-se a utilização de pedras da região da beira baixa, nomeadamente o granito, recorrendo sempre que possível a peças de “sobras” e imperfeições, ao granulado em utilizações pontuais e a granito aparelhado no caso dos bancos fixos, transversais às áreas públicas, elementos de permanência por excelência, caracterizadores do espaço público da Beira Baixa, habitualmente encontrados à porta das casas e aqui interpretados como amplos bancos corridos sem custos de manutenção.
A utilização de Flora da região da Beira Baixa (nas zonas “domesticadas”), tais como o rosmaninho, a esteva, cerejeira e o alecrim, permitirão transmitir pelos odores alguns dos cheiros tão característicos da região. Estes elementos deverão ser naturalmente complementados pelo sistema a poente que permitirá o prolongamento natural da fauna e flora dunares, conforme já mencionado. A premissa principal define a utilização de plantas de baixa ou nula manutenção, com necessidades de rega mínimas, procedendo a adaptação futura das mesmas nesse sentido, assegurando a gradual minimização ou a ausência de rega, dada a importância máxima do recurso natural mais importante que temos: a água.