LUPA - Architecture Studio, Lisbon, Portugal | Herdade da Barrosinha - Concurso Privado de Conceito de Arquitectura

LUPA - Architecture Studio, Lisbon, Portugal | Herdade da Barrosinha - Concurso Privado de Conceito de Arquitectura - Alcácer do Sal

LUPA studio apresenta a sua proposta para o concurso privado da Herdade da Barrosinha

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CC.HDBRR.21

Herdade da Barrosinha – Concurso a convite

Proposta apresentada em concurso privado, elaborada em parceria com a CHP Arquitectos, LJ-Group e TPF.

A nossa visão arquitetónica não se alinha apenas com o Plano de Desenvolvimento Urbano do Município, mas também com os objectivos e princípios do Plano de Urbanização da Herdade da Barrosinha. A Companhia Agrícola da Barrosinha (CAB) lançou o empreendimento de realizar uma Competição de Ideias para um Conceito de Desenho Urbano em cinco zonas distintas dentro do Plano de Urbanização, cada uma com o seu potencial único.

As áreas escolhidas dentro do Plano de Urbanização albergam aspirações diversas: a renovação de um núcleo urbano, a re-imaginação de agrupamentos rurais como o Monte das Malhadas, a evolução do Monte das Obras para um centro de turismo, a criação de uma envolvente com o conceito de enoturismo no Monte da Vinha, e a intrincada interação de ofertas imobiliárias complementares que se harmonizam com o potencial turístico da região

A Herdade da Barrosinha encontra-se dividida em “pedaços” de acordo com os instrumentos de planeamento territorial, denominadas de UOPG: Unidades Operativas de Planeamento e Gestão.

No respeito sensível com as pré-existências – tanto naturais como construídas – da Herdade da Barrosinha, propôs-se em resposta ao desafio lançado neste concurso, um foco em “conjuntos” distintos:

-UOPG´s 1 e 2 agregadas, entendidas como uma vila de carácter mais urbano, um novo “centro” com habitantes locais, ligadas com zona de lazer com lago + anel pedonal central;

-UOPG 6 enquanto uma unidade hoteleira de luxo, com 120 camas para visitantes nacionais e internacionais;

-UOPG´s 3 a 5 terão dois tipos genéricos de ocupação com Aldeamentos Turísticos (- de 10ha de área com possibilidade de construção de moradias isoladas ou em banda com apoio de piscina comum, ou Casas de campo).

Para as UOPGs 7 e 8 (Espaço Agro-florestal), complementares, propõe-se o tratamento do espaço ao nível paisagístico, promovendo actividades de lazer e turismo de natureza, com especial enfoque na observação e estudo da fauna e flora em espaço natural, actividades agro-florestais sustentáveis e potenciadoras de economia circular no conjunto.

UOPG 1 – Vista aérea

UOPG 2 – Vista Aérea

Localização e caracterização geral

A Herdade da Barrosinha situa-se a cerca de cinco minutos de Alcácer do Sal, tendo a sua principal acessibilidade através da N5. A Herdade compreende cerca de 2 000 ha, delimitados conforme a planta de zonamento, distribuídos entre terrenos de natureza rústica e urbana. Na herdade verificam-se atividades ligadas ao turismo, restauração e agricultura.

O uso, ocupação e transformação do solo da Herdade da Barrosinha encontra-se definido no Plano de Urbanização da Herdade da Barrosinha, que compreende variados usos de solo. O Plano originalmente aprovado em 2011, classificado como projeto de interesse nacional (PIN), está a ser alterado em alguns (poucos) parâmetros.

A zona combina diversas actividades tais como turismo, restauração e agricultura, a sua história remonta ao século XIX, e desempenhou um papel vital na produção de vinho, arroz e cerâmica.

A Herdade da Barrosinha estabelece-se no final do séc. XIX, a par com outras propriedades como a Comporta, Palma e Pinheiro, quando se dá em Alcácer do Sal uma redefinição da sua estrutura fundiária.

Aqui, surge uma das maiores empresas de Produção e Distribuição de Vinhos Portugueses, assim como, mais tarde, é fundada a Companhia Agrícola da Barrosinha, tendo vindo a potenciar a produção e transformação de arroz, com a irrigação dos campos do Vale do Sado, pela construção das barragens do Pego do Altar e Vale de Gaio, em meados do séc. XX.

Foi local de produção de cerâmicas para construção e expansão florestal do Montado de sobro, com cerca de 200 hectares. Tendo atingido o auge de crescimento em infraestruturas e importância durante o Estado Novo, como um lugar de destaque no panorama económico regional.

Com a revolução do 25 de Abril, a atividade passa a ser exercida com condicionalismos, acabando por se ligar mais à pecuária, com produção de rações, aves, bovinos e suínos. Ao longo do tempo, no centro urbano da Barrosinha, onde ainda hoje estão ocupadas cerca de 60 casas e moram mais de 120 pessoas, vão sendo desativadas a padaria, a mercearia, o posto médico e a escola.

No final do séc. XX, surge um ambicioso projeto turístico-imobiliário onde se propõe construir 8.054 camas turísticas distribuídas por vários aldeamentos e hotéis, ligados ao conceito de golfe e vinho, acabando por não se concretizar pela emergência da crise imobiliária.

Conceito

Mediterrânico encontra Alentejano; Coexistência temporal; Memória encontra Futuro.

Uma vila aberta ao mundo e ligada ao local. Uma comunidade ambientalmente sustentável que privilegia a circularidade económica e cooperativa.

Na proposta, a área de intervenção transforma-se em mais do que um destino, um lugar cultural e artístico, produtivo e contemplativo, de vivências locais e projecção global, onde podemos habitar de vários modos e por variados períodos, sempre em relação estreita com a natureza e com a identidade local.

O conceito de habitar de diferentes formas materializa-se na diferença morfotipológica proposta para as várias áreas da Herdade, sempre de acordo com o Plano de Urbanização vigente, que define várias Unidades Operacionais diferentes, com parâmetros e regras próprios.

A diferente abordagem de várias escalas, níveis de privacidade e comunidade, relação com o espaço público e complementaridade de funções regeu todo o desenvolvimento da proposta conceptual que apresentamos.

A distribuição da função habitacional pelo território procurou adaptar-se às diferentes inserções, densificando onde era permitido e ocupando esparsamente o restante território em respeito pelo lugar, numa constante procura de diversidade de funções e ocupações.

UOPG 6 – Monte das Obras

Apresenta-se como uma zona de transição entre o carácter urbano e o florestal apresentando alguma capacidade de edificação. Neste sentido, e imediatamente adjacente aos espaços residenciais da UOPG2, preconizou-se a implantação do centro geriátrico, cujo jardim foi pensado para o desenvolvimento de actividades de ao ar livre e lúdicas orientados para a 3ª idade, sendo aqui possível não só deambular pelo espaço, mas também sentar e praticar desporto e actividade de estímulo psíquico.

Na proximidade existe ainda o Centro Hípico, a partir do qual se desenvolvem percursos que permitem a ligação à rede de percursos que formam o ciclo de experiências paisagísticas.

Grande parte da envolvente é constituída por aldeamentos turísticos, os quais vão beneficiar em larga escala de todas as amenidades propostas nas restantes unidades, estando os mesmos igualmente ligados ao ciclo de experiências paisagísticas.

Por último, localizado a Sul numa posição estratégica na paisagem, propõe-se a implementação de um Hotel de luxo composto por um complexo principal de alojamento, amenidades e centro de conferências e por um complexo habitacional mais sossegado perfeitamente integrado na paisagem. Na zona central preconizaram-se piscinas de diferentes tipologias associadas às zonas funcionais do hotel, nomeadamente a zona do Spa, conferências e restaurante, tendo as mesmas sido dispostas de forma a tirar o melhor partido das vistas sobre o cenário, beneficiando tanto da paisagem de montanha, como da paisagem do rio e arrozais adjacentes.

Como complemento diferenciador que virá ajudar o hotel a destacar-se no mercado pela qualidade e amenidades, preconizou-se uma rede de percursos abrangente que liga tanto o hotel, como os quartos Monte, os quartos Natura e as Vilas, a áreas de relaxamento e desporto ao ar livre, garantindo-se sempre a funcionalidade dos serviços do hotel a disponibilizar a partir da área técnica.

Neste sentido são propostas várias actividades de recreio e lazer, destacando-se a sauna exterior, a bacia de retenção, de carácter sazonal, com zona de descanso em deck, a zona de refeições de natureza, a campo de futebol, tennis e padel, zona de recreio naturalizado com micromodelações, entre outros. Nestes casos, pretende-se que a intervenção sobre a paisagem seja minimalista de forma a criar-se uma paisagem harmoniza mais lúdica em terreno natural modificado quase cirurgicamente.

A partir deste ponto será também possível o acesso à rede de percursos do ciclo de experiências que permite a realização de caminhadas de natureza ligadas à floresta e aos arrozais.